Nos últimos anos, o Paraguai tem emergido como um protagonista no mercado global de mineração de criptomoedas, impulsionado pela abundância de energia renovável, especialmente proveniente da Itaipu Binacional. Esta situação tem colocado o país sul-americano no radar internacional, oferecendo uma oportunidade única para operadores de mineração de criptoativos, com baixos custos de energia, o que resulta em uma maior lucratividade para suas operações.
No entanto, essa ascensão na mineração de criptomoedas não está isenta de desafios. Autoridades paraguaias têm enfrentado um problema semelhante ao já conhecido no Brasil como "gato" de energia, nome dado à prática de furto de eletricidade para alimentar operações ilegais de mineração de bitcoin. A conexão clandestina de equipamentos de mineração à rede elétrica tem se tornado uma ocorrência comum, preocupando as autoridades locais.
Na última terça-feira, a Administração Nacional de Eletricidade (ANDE), em conjunto com o Ministério Público, o Departamento de Investigação e com o apoio da Polícia Nacional, realizou uma intervenção em uma propriedade em Katueté, departamento de Canindeyú. A ação ocorreu devido à descoberta de uma conexão direta em Média Tensão de um transformador de 2.500 kVA, que abastecia energia para 388 processadores de criptoativos. A propriedade estava localizada na Colônia Villa Alta, na rota Py 07, a 3 quilômetros antes do cruzamento Carolina.
Carlos Cabrera, promotor da Unidade Penal Nº 1 de Saltos del Guairá, liderou a operação, com ordem de busca e apreensão, resultando no transporte de 201 equipamentos processadores de criptoativos, juntamente com o transformador de grande porte, para a Agência Regional de Saltos del Guairá. Os restantes 187 processadores foram lacrados e deixados dentro do contêiner, enquanto um depositário fiscal foi designado para o proprietário do imóvel.
De acordo com a análise da ANDE, o prejuízo patrimonial mensal é estimado em cerca de G$ 692 milhões , o equivalente a R$ 465 mil por mês, incluindo os custos da intervenção e da aplicação de multas, que devem ser suportados pelos responsáveis.
Em nota oficial, a ANDE destacou que as conexões irregulares e o uso indevido de energia elétrica acarretam danos econômicos significativos e afetam o funcionamento adequado do sistema elétrico, bem como o cumprimento da legislação vigente. O órgão revelou que existem mais de 64 denúncias de subtração de energia elétrica para mineração de criptomoedas atualmente em investigação pelo Ministério Público.
Diante desse cenário, as autoridades paraguaias reforçam a necessidade de combater as práticas ilegais relacionadas à mineração de criptomoedas, a fim de proteger os recursos energéticos do país e garantir a integridade do sistema elétrico nacional.
Essa matéria busca destacar os desafios enfrentados pelas autoridades paraguaias diante do crescimento do setor de mineração de criptomoedas, ao mesmo tempo em que ressalta a importância da utilização responsável e legal dos recursos energéticos disponíveis.
